VIDA INTERMITENTE

Por DICOM
08/10/2012 11h09 - Publicado há 11 anos
Tânia Maria de Moura
Tânia Maria de Moura
Diretoria de Comunicação / HD
Homenagem dos servidores da Diretoria de Taquigrafia, Digitação e Revisão à querida Tânia Maria de Moura (in memoriam) VIDA INTERMITENTE Filósofos, cientistas e incautos sempre se questionaram acerca da vida e seus mistérios. Seria a vida um estágio para algo sublime? Seria um momento de purgação pessoal? Seria uma oportunidade ímpar e, sendo ímpar, esgotar-se-ia em si mesma e em seu plano material? Indagações à parte, o fato é que, quando finda uma vida humana, ficamos perplexos, sobressaltados, arrebatados por uma sensação de impotência e desejo de eternidade. Mui recentemente, em 16 de setembro, fomos trespassados pela dolorosa notícia de que findara a vida de alguém do nosso convívio. A ave soturna chamada morte arrancou de nós um ser precioso e amável, cujos gestos e palavras irradiavam sempre paz e serenidade, mesmo diante dos sentimentos e ações mais medíocres ao seu redor. Sim, era sempre; sempre é sempre, não é quase sempre ou sempre que possível. Ave traiçoeira, por que levaste de nós a nossa querida Tânia? Por que foste tão irascível? Por que nos causaste dor tão lancinante? Em nosso ambiente laboral, cada um expressa seu sentimento à sua maneira. Alguns trazem consigo um olhar triste; outros procuram preservar a alegria e fazem-no em memória da nossa dulcíssima amiga, pois ela, acolhida nos braços de Nosso Senhor, espera de nós essa postura, espera que fiquemos alegres pelo fato de ela estar no lugar reservado aos amados do Pai. Ave sorrateira, pensas que és mais forte do que a vida? Pensas que és mais poderosa do que alguém que deixou em nosso coração a paz duradoura que nos conforta? Pensas, enfim, que és maior do que aquele que, coroado de espinhos, reviveu no terceiro dia após encontrar-te? Pobre ave sorumbática e macambúzia, tu, na verdade, és irreal. Sim, irreal! Como já disse um filósofo, a morte não existe; o que existe é a vida em todo o seu curso: nascimento, progressão, precariedade em matéria e continuidade em espírito. Fica a saudade; fica a lembrança perene de um sorriso cheio de Deus; fica o exemplo que lapida a todos nós, pobres seres humanos limitados em sua vivência material e tormentosa; fica em nosso âmago a certeza de que somos privilegiados por termos vivido uma experiência rica, inesquecível e jubilosa: conviver com um ser que exalava paz, tal como a orquídea exala seu perfume ao vento em bosques cheios de cores. Sim, é verdade, fomos testemunhas sinestésicas do perfume da orquídea Tânia, aquela que agora ornamenta o jardim do Criador. Reiterando as palavras do filósofo, a morte não existe, pois ela é apenas uma intermitência da vida, da vida que insiste em continuar no seu ciclo sem finitude. Ela surge, sucumbe e ressurge, à semelhança do sol cotidiano, que, não obstante o crepúsculo vespertino, reaparece com o arrebol de um novo dia.