Jornalista Caco Barcellos analisa os protestos brasileiros em palestra

Por DICOM
25/06/2013 11h13 - Publicado há 11 anos
Caco Barcellos em palestra no Parlamento Popular
Caco Barcellos em palestra no Parlamento Popular
Diretoria de Comunicação / HD
A segunda edição do projeto “Parlamento Popular” foi encerrada na manhã desta quinta-feira, dia 20, em Gurupi, com a palestra do jornalista, escritor do premiado “Rota 66”, e apresentador do programa “Profissão Repórter” da Rede Globo, Caco Barcellos. Debruçado sobre o tema “atualidades”, Barcelos analisou os protestos populares que ocorrem em todo o país à luz de sua experiência de três décadas de trabalho. Sobre os protestos, o jornalista relembrou que, em menos de 15 dias, o movimento cresceu de cinco mil manifestantes, para 240 mil. Dois aspectos chamaram a atenção do palestrante: o fato de ser apartidário e o de eleger a mobilidade urbana como prioridade. Segundo Caco, o apartidarismo ocorre porque o movimento é composto de jovens que não se sentem representados pelos políticos tradicionais. “Não é à toa que as Assembleias Legislativas são alvos de ataques”, disse. Quanto à mobilidade urbana, isso se deu porque, com a desconcentração de renda e o acesso à educação, parte da população ainda sofre diariamente com um transporte público caro e de péssima qualidade. “No Brasil, o trabalhador precisa de 18 minutos para pagar a passagem. Na França, isso se ocorre em um minuto”, comparou. Por outro lado, continuou o jornalista, a mobilidade tende a agregar adesões de pessoas de outras classes, já que todos sofrem com o trânsito nas grandes cidades. A partir daí, Barcellos avaliou o tema pelo ângulo da segurança pública, pois declarou suspeitar que esta seja a próxima reivindicação dos manifestantes. Para tanto, recordou dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo que mostram que, em 2012, apenas 5,2% das mortes foram causadas por bandidos. Enquanto isso, 19,7% dos homicídios ocorreram pelas forças de segurança do Estado, e 75,1% por cidadãos comuns, armados, em situações como brigas no trânsito. Ou seja, de acordo com os dados apresentados, no Brasil, a polícia mata quatro vezes mais do que os criminosos. “Quando fiz a pesquisa para o ‘Rota 66’ averiguei que, em mais de 60% dos casos, os mortos pela tropa de elite da polícia eram inocentes”, relatou. “As vítimas são sempre jovens da periferia. Estados como o RJ e SP têm uma multidão de órfãos, jovens que tiveram seus pais mortos pelo Estado. Até quando a população vai aguentar isso?”, concluiu Caco Barcellos. (Glauber Barros)