Depoimento sigiloso denuncia envolvimento de políticos tocantinenses no tráfico de drogas

Por Diretoria de Comunicação da Assembléia/TO
22/08/2007 12h24 - Publicado há 17 anos
Vilar depôs na CPI
Vilar depôs na CPI
Diretoria de Comunicação / HD
O envolvimento com o tráfico de drogas no Estado por três políticos (alguns com mandato eletivo e/ou candidatos neste pleito), duas empresas transportadoras de cargas, duas concessionárias de veículos e uma indústria, todos tocantinenses, foi denunciado pela testemunha Sálvio Barbosa Vilar, que depôs no dia 13 de julho ao presidente da CPI do Narcotráfico, deputado José Santana (PT). Sálvio disse que resolveu prestar depoimento quando viu uma reportagem sobre a comissão na televisão. Ele já depôs na CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados, na CPI do Roubo de Cargas, CPI do Narcotráfico da Assembléia Legislativa de Minas Gerais e na CPI do Tráfico de Armas. Na CPI do Narcotráfico nacional ele prestou depoimento sob o pseudônimo de Laércio da Cunha. Ele conta que esteve preso por roubo de cargas, durante seis anos, e a própria CPI do Narcotráfico nacional conseguiu a sua liberdade. “Primeiro como liberdade semi-aberta, depois como condicional, e hoje vivo sob a proteção de alguns deputados dessas CPIs”, já que não quis fazer parte do Sistema de Proteção à Testemunha, oferecido pela Polícia Federal. A rota da droga, segundo Sálvio, vem da Colômbia, passa por Belém (PA) e Araguaína (TO), seguindo para o Rio de Janeiro e outros Estados do país. Neste esquema entram os caminhões das transportadoras, a indústria, que utiliza seu nome como fachada, e as fazendas, das quais os políticos são proprietários, onde transitam os aviões com a droga (cocaína e maconha, conforme o depoente). “Esse transporte da droga já existe há quase dez anos. Hoje o pessoal que comanda o Polígono da Maconha, no caso o empresário pernambucano Rinaldo Ferraz, mudou para Araguaína e comprou uma fazenda próximo à divisa com o Maranhão. O Rinaldo é o principal mestre nisso tudo, o cara que tá mandando na região hoje”, acusa a testemunha. Sálvio já foi motorista de caminhão e segurança de Rinaldo, que foi investigado e indiciado pela CPI do Narcotráfico nacional quanto à suspeita de possuir plantações de maconha em Pernambuco e participação no tráfico de drogas da região. Por ele pertencer à família Ferraz, o relatório da CPI também abordou a histórica disputa de poder político e de comércio de drogas entre a sua família e a Novaes, na cidade de Floresta, no sertão pernambucano. No relatório da CPI da Narcotráfico da Câmara se encontram os depoimentos de Sálvio e Rinaldo Ferraz. O relatório está disponível para download no site: http://www2.camara.gov.br/comissoes/temporarias/cpi/encerradas.html/51legislatura/cpinarco/relatoriofinal.html. As denúncias feitas por Sálvio, que incluíam também o nome de outros operadores do tráfico, foram encaminhadas à Polícia Federal, e já estão sendo investigadas há mais de um mês.