Dona Raimunda pede aos políticos urgência na reforma agrária

Por Diretoria de Comunicação da Assembléia/TO
22/08/2007 12h24 - Publicado há 17 anos
Santana e D. Raimunda
Santana e D. Raimunda
Diretoria de Comunicação / HD
“Nós somos milhares de Raimundas aqui no Estado do Tocantins”. Com esta frase, dona Raimunda estendeu às demais quebradeiras de coco da região do Bico do Papagaio a conquista do título de Cidadã Tocantinense. A homenagem ocorreu durante a sessão solene da manhã de hoje, dia 6, a pedido do deputado José Santana (PT), autor do projeto de lei. Dentre outros pedidos, dona Raimunda foi veemente ao solicitar aos políticos que “façam a reforma agrária, mas com toda a infra-estrutura e não só com um pedaço de terra”. Dona Raimunda é maranhense, reside em São Miguel do Tocantins, é coordenadora geral do Conselho de Mulheres Extrativistas e presidente do Memorial Chico Mendes. O autor do projeto que deu origem à homenagem a dona Raimunda ressaltou sua luta em prol da luta dos trabalhadores. “Dona Raimunda é um ícone da luta do homem e da mulher trabalhadora do norte do Estado na defesa do meio ambiente e dos trabalhadores rurais sem terra. Ela representa um segmento dos que resistiram à dificuldade da pobreza e da migração dos Estados mais pobres”, disse Santana. O deputado acrescentou que dona Raimunda ajudou a organizar os trabalhos em defesa do meio ambiente nas décadas de 70 e 80, quando ainda o tema era muito jovem no País. Já a quebradeira de coco lembrou que sua atuação é natural, pois “quem é extrativista preserva a natureza, porque dela vive”, salientou. José Santana discursou durante a homenagem, resgatando, na força do povo do Bico do Papagaio, a imagem do sertanejo hércules-quasímodo euclidiano. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, observara o escritor Euclides da Cunha. Leia abaixo alguns trechos do discurso: “Hoje, é um dia muito importante para os trabalhadores rurais deste Estado. Dona Raimunda representa o que tem de mais forte pela luta do campo. A terra é o instrumento mais importante para a geração de empregos para o homem rural. ‘Amanhã, vou levantar cedo e quebrar uma quarta de coco, para comprar comida’, pensam, antes de dormir, as quebradeiras. É o modo de vida desse nosso povo que insiste em sobreviver. Seu trabalho, hoje, tem garantido o equilíbrio ambiental. Não podemos deixar que as florestas sejam devastadas, se não, qual será o destino das quebradeiras extrativistas? Uma das características mais importantes do povo do Bico do Papagaio, como Dona Raimunda, é insistir em se manter na terra. Muitos trabalhadores perderam a sua vida, entre eles padre Josimo. Mas ganhamos, com seu sangue, a fertilidade da terra para a luta pela reforma agrária. Ganhamos a idéia do que é resistir. O povo do Bico do Papagaio nos ensinou que, apesar da estatura física pequena, é grande a força de sua luta contra a pobreza e a violência no campo.”