Rostos da Transformação: “Meu lema é dar voz àqueles que não têm”, diz Davi, que tem TEA

Por Giovanna Hermice
22/12/2025 11h11 - Publicado há 4 horas
Ao lado da mãe, Cristiane, destaca como o cuidado da Clínica-Escola Mundo Autista transformou a vida
Ao lado da mãe, Cristiane, destaca como o cuidado da Clínica-Escola Mundo Autista transformou a vida
Glauber de Oliveira / HD

Há oito anos, Davi Ferreira foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em Araguaína. Ao lado da mãe, Cristiane Ferreira, de 37 anos, enfrentou um caminho marcado por incertezas e crises, mas que, com persistência e uma rede de apoio, tornou-se um exemplo de superação. A história dos dois integra a série Rostos da Transformação, que tem como objetivo mostrar quem está por trás dos compromissos cumpridos pelo parlamentar.

Segundo eles, um dos processos fundamentais para o desenvolvimento de Davi foi o suporte educacional aliado ao acompanhamento de uma equipe multidisciplinar da Clínica-Escola Mundo Autista. Somente neste ano, a unidade recebeu R$ 150 mil em emendas parlamentares para a construção de um jardim sensorial e a aquisição de materiais pedagógicos.

O deputado estadual Marcus Marcelo (PL) também foi autor da proposta que tornou a clínica uma realidade em 2016, ainda quando vereador, por meio da Associação Mundo Autista. Desde então, a inclusão se tornou uma de suas principais bandeiras.

“Ver crianças como o Davi evoluir, estudar, sonhar alto e se tornar referência para outras famílias mostra que estamos no caminho certo. Nosso compromisso é continuar trabalhando para que mais histórias como a dele sejam possíveis, porque a inclusão de verdade se constrói com ações, investimento e respeito”, afirmou Marcus Marcelo.

Primeiros sinais e diagnóstico
Davi é o segundo filho de Cristiane. A gestação foi de risco e com o passar do tempo, após o nascimento, ela percebeu que o desenvolvimento do filho não seguia os mesmos padrões: atraso na fala, dificuldades de socialização e comportamentos repetitivos. No início, médicos consideraram o desenvolvimento dentro da normalidade.

Aos três anos, já na creche, os comportamentos chamaram a atenção da professora: inquietação intensa, agressividade, dificuldade de socialização e interesse restrito por brinquedos específicos, como peças de montar. A partir dessas observações, Cristiane passou a pesquisar por conta própria e levantou a possibilidade do autismo, até que a avaliação médica confirmou o diagnóstico de TEA.

“O início foi muito difícil. Ele tinha crises intensas, não dormia, se machucava e não tolerava mudanças de rotina. A gente não conseguia frequentar lugares públicos”, relembra Cristiane.

A importância de uma rede de apoio
Com acompanhamento profissional e acesso a terapias especializadas na Clínica-Escola Mundo Autista, os avanços na vida de Davi tornaram-se visíveis. Comunicativo, dedicado aos estudos e campeão da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, ele também já sabe o que quer ser quando crescer.“Eu quero ser engenheiro civil e deputado federal, pois sonhar não tem barreiras e eu sei que vou conseguir”, assegura.

Além da perspectiva clara de futuro, desde 2024, Davi passou a inspirar outras pessoas ao levar sua mensagem pelo Brasil. Como palestrante, fala sobre autismo e defende o respeito e a inclusão.“Meu lema é ser a voz daqueles que não podem falar. Autismo não é uma doença. É um espectro que deve ser tratado com respeito. Se for tratado da forma certa, o autista se desenvolve”, explica.

Para Cristiane, os resultados são fruto de um trabalho conjunto. “Nada foi fácil ou rápido. Mas quando família, escola e clínica caminham juntas, a evolução acontece. E quando há investimento na causa, os resultados aparecem”, reforça.

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